Texto: Herbert Soares
A Pelada de Domingo, fundada no Muniz Freire Campestre Clube, chegou aos 25 anos de história no dia 14 de dezembro de 2013. A data exata de fundação ainda é desconhecida, talvez pelo fato de ter começado apenas como uma diversão, mas o certo é que o seu início foi em 1988. Dentre muitos outros, vale o registro dos nomes de importantes personagens que iniciaram esta história: Sinvaldo de Oliveira, Darcy de Oliveira, Leolindo Areias, José de Assis Martins, José Francisco da Mota, Carlos Augusto Louzada e José Martins Júnior.
A pelada ocorre rigorosamente todos os domingos, com horário fixo para o início do jogo às 8 horas, sendo que é comum alguns peladeiros chegarem ao Campestre Clube a partir das 4 da manhã. Durante o ano, a pelada só é interrompida no domingo seguinte a sua festa anual realizada no sábado, no domingo da festa de Emancipação Política do Município e quando o Natal e Ano Novo caem no domingo.
Com exceção de um campeonato interno do Campestre Clube, os peladeiros se dedicam apenas aos jogos entre si e a algumas viagens para enfrentar peladeiros de Castelo, Marechal Floriano e São José do Calçado, sempre em jogos de ida de volta. Após os jogos, tanto no Campestre Clube, como nas outras cidades, ocorre a tradicional confraternização entre os peladeiros e suas famílias.
Nas peladas rotineiras, participam de 30 a 35 pessoas, sendo que o grupo tem um total de 60 integrantes. Para participar da pelada é necessário ter acima de 35 anos e nunca deixar de honrar com os compromissos financeiros da pelada, sendo que cada integrante paga mensalmente R$ 20 reais.
Faltar à pelada sem justificativa não é tolerado. Na segunda falta, o peladeiro leva multa de R$ 10 reais. Durante os jogos, caso ocorra falta ríspida, o jogador é suspenso por 3 minutos. Para julgar os casos de indisciplina foi criado o Conselho Disciplinar, com mandato de um ano, onde logo após a pelada o conselho se reúne e aplica a punição. Se o peladeiro for suspenso, paga multa de 10% da mensalidade, mas devido as regras, a violência é inibida, acontecendo no máximo 5 ocorrências por ano.
A pelada chega aos 25 anos como um verdadeiro patrimônio do Campestre Clube. Ainda nos primeiros anos de existência, a direção do clube fez uma assembleia e ficou estabelecido no regimento interno que o horário de domingo pela manhã é exclusivo do grupo de peladeiros. A justificativa é a importância da pelada para o clube, visto que até no rigoroso inverno ela continua ativa, sendo os seus membros praticamente os únicos frequentadores do clube neste período.
A organização permite que a pelada tenha vida financeira própria. Bolas e uniformes são adquiridos através da mensalidade paga em dia pelos peladeiros. A realização da festa anual da pelada também é custeada com o dinheiro da mensalidade. Além dos peladeiros oficiais, existe também o “sócio contribuinte”, que apesar de não jogar futebol, paga 50% da mensalidade para poder participar das atividades extracampo da pelada. Dentre os “sócios contribuintes”, também constam a contribuição de mulheres.
SolidariedadeA solidariedade com o próximo também faz parte da história da pelada. Uma das primeiras ações promovidas foi em prol do peladeiro Vanderlei Spadetti, que precisou realizar uma cirurgia na vista. “Duduti”, outro antigo peladeiro, também recebeu ajuda para adquirir uma cadeira motorizada após sofrer um grave acidente de trabalho.
Além dessas ações, os peladeiros ajudam periodicamente diversas famílias da sociedade muniz-freirense, mas foi a partir dos últimos três anos que as ações voltadas em benefício do Município foram intensificadas. Os peladeiros organizaram os últimos três bailes que fizeram parte da programação oficial da Festa de Emancipação Política do Município. Em 2011 e 2012 o baile foi em benefício à Santa Casa de Misericórdia “Jesus Maria José”. Já o baile de 2013 teve como foco ajudar a APAE do Município. Nestes três anos foram doados aproximadamente R$ 40 mil reais em equipamentos para as referidas entidades. Com o excedente do último baile, os peladeiros contribuíram para a compra de uma cadeira elétrica para uma aluna da APAE.
Ajudar nas causas sociais é o principal foco da pelada nos dias de hoje. O grupo de peladeiros pretende intensificar suas ações e contribuir ainda mais com o Município de Muniz Freire. Sem dúvida a diversão dos domingos permanece, mas a preocupação com o próximo ganha cada vez mais espaço na vida da pelada.
Comemoração dos 25 anos da Pelada e Alguns Registros HistóricosA comemoração dos 25 anos aconteceu no dia 14 de dezembro, com uma grande festa no Muniz Freire Campestre Clube, animada pela banda “Mundo e Cia”. Para marcar a data foi confeccionado para todos os peladeiros, um kit de viagem com camisa, bermuda, caneca e boné.
Para o registro histórico dos 25 anos, vale citar aqui alguns dados coletados entre os peladeiros. Atualmente o jogador mais velho é José Leandro Afonso com 59 anos e o mais jovem é Antônio Carlos Batista, de 36 anos. Os principais craques do passado são: Darcy de Oliveira, Leolindo Areias, Paulo Favoreto (em memória) e Zenilton Pim. Os principais craques da atualidade: Edmar Puppin, Gilnei da Silva e Marquinho Silva. Melhores goleiros: Josias Dias e André Areias. Os principais “pernas de pau” em toda a história da pelada são: Sebastião Machado, Nelsinho da Luz, Vanderlei Spadetti, Washington do Rosário, Gilberto Martins, Luís Soldado e Gilmar Vieira. A diretoria que liderou a pelada em 2013 é composta por Hudson Braga Favoreto (Presidente); Márcio Chaves (Vice-Presidente); Paulo Sérgio Santolin (Secretário); Edson Fonseca (Tesoureiro).
O sucesso da pelada, segundo alguns peladeiros entrevistados, se deve a uma regra básica: não existe classe social, religião, raça ou credo. Todos têm os mesmos direitos e deveres. Tudo isso, aliado ao companheirismo e compromisso, fez com que a pelada jamais ficasse desativada desde a sua fundação.
De fato, 25 anos de união é incomum, principalmente nos dias de hoje, onde a tecnologia transformou as relações pessoais, e muitos dedicam mais tempo em frente à tela de um computador do que em convívio em sociedade. Com os peladeiros a história é diferente, pois, para eles, o convívio social e a amizade são fatores indispensáveis em suas vidas. Que venham mais 25 anos e que o Município seja cada vez mais beneficiado com as ações dos peladeiros.
Baile em benefício à APAE realizado em 2013:
Entrega de equipamentos para a APAE do Município:
Nenhum comentário:
Postar um comentário