quinta-feira, 5 de abril de 2018

RETROCESSO NA EDUCAÇÃO RURAL DO ES. texto de Cleber Bueno Guerra.

                                RETROCESSO NA EDUCAÇÃO RURAL DO ES

                                  O Estado do ES foi a porta de entrada no Brasil da
“Pedagogia da Alternância”, através da “Escola Família
Agrícola/EFA”, que alterna período de ensino na escola com
período na propriedade da família. Essa escola diferenciada
surgiu na França, em 1935, migrou para a Itália e foi
trazida para o Brasil pelo Padre Humberto Pietrogrande, em
1968, criando o Movimento de Educação Promocional do ES –
MEPES. Para tanto, contou com apoio decisivo da Ex- ACARES
e de produtores rurais, liderados pelo João Martins.
                              Essa proposta pedagógica demonstrou ser a mais adequada
para o ensino no campo, por promover o desenvolvimento
integral do ser humano nas suas diversas dimensões:
econômica, social, humanitária, espiritual, histórica e
cultural, sem desfalcar a mão-de- obra familiar. Tanto assim
que, a partir da 1ª EFA brasileira de Olivânia/Anchieta/ES,
houve rápida expansão para vários municípios capixabas e
também para mais de 20 Estados brasileiros, o que motivou a
criação, em 1982, da União Nacional das Escolas Família
Agrícola do Brasil – UNEFAB.
                          Na onda do sucesso dessa nova escola, em 1989, o então
Deputado Paulo Hartung fez inserir na Constituição Estadual
o Art. 281, regulamentado pela Lei 4523/89, equiparando as
escolas do MEPES às escolas da rede pública estadual. Isso,
de fato, foi uma ação positiva para consolidação do modelo,
o que valeu ao Deputado o “status” de “Padrinho do MEPES”.
                          Entretanto, por ironia do destino, este modelo exitoso,
justo no seu Estado de origem e próximo a completar 50
anos, vem recebendo do Governo do outrora “Padrinho do
MEPES” e atual Governador, um “duro golpe”. Escudado no
discurso da crise financeira, deixou de repassar parte dos
recursos previstos no convênio relativo a 2016 e promoveu
um corte desproporcional no valor correspondente a 2017,
com reflexos danosos na gestão da Rede MEPES, como demissão
e/ou redução da carga horária dos monitores e até
fechamento de algumas EFAs, em especial, as dos
Assentamentos de Trabalhadores Rurais. Como não se dispõe
de recursos próprios para suprir essas diferenças, a
perspectiva para 2018 atinge patamares dramáticos e nunca
vistos, pondo em risco um dos principais “caso de sucesso”
do Estado do ES.
                           Em suma: ao invés de Estado consolidar sua posição de
referência e pioneirismo na Pedagogia da Alternância, no
Brasil, o atual Governador optou por entrar na “contramão
da história”, dando as costas ao MEPES e ao seu fundador
Padre Humberto, falecido em 05/08/2017, aos 85 anos, no
Estado do Piauí.

RETROCESSO NA EDUCAÇÃO RURAL DO ES. texto de Cleber Bueno Guerra, agrônomo e ex-membro da Junta do Mepes

Nenhum comentário:

Postar um comentário