domingo, 9 de abril de 2017

MEXEU COMIGO MEXEU COM TODAS. texto de Helena Machado



                    Vivemos um momento de grande repercussão com o assédio sexual de um ator Global.  Não vou opinar sobre o assunto, até porque é o que mais se faz nos meios de comunicação. Vou falar desse assunto na época da minha infância e adolescência. Vou abordar de modo a denunciar com um atraso de setenta anos, casos de assédio sexual e pedofilia acontecido, não só comigo, mas com muitas meninas. Os nomes dos implicados serão omitidos. 

                 Havia um armarinho em frente ao Grupo Escolar Bernardino Monteiro, na praça, onde um idoso atrás do balcão atendia os clientes. Eu, menina de uns 10 anos, pedi um carretel de linha. O senhor solicitou que eu entrasse para escolher a cor. Assim fiz, quando o vi com o pênis à mostra a exibir pra mim. Saí correndo até minha casa e contei para minha mãe. Acho que foi a única vez que contei.

                 Morávamos na Praça Jerônimo Monteiro, vizinhos a uma lavanderia de um chines que morava aos fundos com sua família. Ele tinha um montão de filhos. Nossas famílias eram amigas. O chines foi à sua terra natal e quando voltou trouxe para mim um boneco grande e bonito. O sonho de qualquer menina. Éramos três irmãs mas somente eu ganhara a boneca. Notava-se que ele tinha preferência por mim. Mas tinha algo que me incomodava. Ele me pegava pelos braços e me jogava pro alto, com um detalhe - ele colocava seus polegares sobre os meus peitinhos. 

                     Em uma Farmácia em frente aos Correios, o dono da farmácia é quem aplicava as injeções. A farmácia ainda existe mas, claro, com outros proprietários. O caso se passou há mais de sessenta anos. Eu não estou nessa estória. Mas a filha de um conceituado médico da cidade e outras meninas da nossa sociedade, tomavam injeção lá. Elas contaram que a injeção era aplicada nas nádegas e que ao aplicar o farmacêutico levava sua mão até lugares íntimos das meninas. 

                    Muitos e muitos casos eu poderia contar aqui mas, a intenção é alertar para o problema que atinge crianças indefesas e adultos. Assim sendo, vou encerrar com um caso que aconteceu comigo quando eu já era mãe. Eu estava no Rio de Janeiro em busca de contatos que me levassem a um emprego federal ou estadual, quando aceitei uma carona para Ipanema, onde eu me hospedara. Chegando a Ipanema o carro continuou seu caminho, passou Leblon e subiu a Av. Niemeyer, em sentido a Barra. 
                        Percebi que a conversa era assédio e me apavorei. Eu gelei, fiquei trêmula e com muito medo. O carro parou quase às portas de um Motel. Vendo o estado que eu fiquei e aos meus apelos, a pessoa, finalmente, resolveu voltar dizendo: Não quero encrenca com o Gildo não. Lembrando que Gildo era temido. Tinha fama de bravo. Ele deu meia volta no carro e me deixou em casa. 
                Eu não contei pra ninguém. Eu tinha vergonha. Isso é comum ouvir de muitas mulheres. Constrangedor! 
Abraços Fraternos,
Helena💕

Nenhum comentário:

Postar um comentário