O detetive. texto de Helena Machado

                  A cada narrativa, sinto avisos em meu corpo. Mãos frias, tristeza, euforia, pés gelados, alegria.
                  Dizem que um surto de depressão pode arrasar com o sistema imunológico; apaixonar-se, ao contrário, pode fortificá-lo. Pensando nisso, vou tentar lembrar fatos pitorescos para dar um tempo nas tragédias que venho narrando. Não que elas tenham terminado. Algumas esperam coragem para relembrá-las. O que vou narrar são episódios curtos e de menor importância. Colaborem...rindo.

                 Gildo Machado, ainda jovem, mudou-se para o Rio de Janeiro. Trabalhou com os Vivacqua Vieira, com registro em carteira. Pouco sei de suas atividades profissionais. Levava uma vida descompromissada. Era período de guerra quando foi admitido para uma função: acompanhar um homem, de origem alemã e apresentar relatório sobre seus passos. Assim fez. Todas as tardes o homem sentava em um bar e tomava umas cervejas. Gildo também. E todo dia a mesma coisa. O homem mantinha a mesma rotina. Em pouco tempo já se tornaram conhecidos. Ambos chegavam, se cumprimentavam e tomavam suas cervejas. Não precisou muito tempo para que ocupassem a mesma mesa. Tornaram-se amigos. Entre uma e outra cerveja, Gildo contou pra ele a sua função e combinaram. Se ele saísse da rotina, ele avisaria. 

Abraços fraternos,

Helena