Muito elogiado pelos militantes capixabas de seu partido, o PDT, por ter se posicionado contra a orientação da Nacional e ter votado a favor do impeachment da presidente DilmaRousseff, o deputado federal Sérgio Vidigal parece não ter agradado a todos com a atitude. O movimento Levante Popular da Juventude realizou na manhã desta sexta-feira (29) uma manifestação em frente à casa do parlamentar, em Manguinhos, na Serra.
Fazendo coro com palavras de ordem, os manifestantes queriam mostrar a insatisfação da juventude com o posicionamento do deputado. Eles levaram faixas e cartazes em que classificam o deputado como golpista. Denunciam que ele teria desrespeitado a Constituição ao votar no que entendem ser um golpe para tirar a presidente do poder.
"Entendemos que impeachment sem crime de responsabilidade é golpe, e as pedaladas fiscais não se caracterizam como crime de responsabilidade, segundo a nossa constituição", disse a estudante de Ciências Sociais da Ufes e participante do Levante, Brenda Schade.
Os manifestantes lembraram que Vidigal desrespeitou a orientação do partido, que fechou questão sobre o posicionamento contrário ao impeachment, que não liberou a bancada para votar de outra forma.
A ação dos estudantes pode não ser um caso isolado na Serra, embora o município seja conservador, concentra uma boa parcela de sindicalistas e muitos trabalhadores da Grande Vitória, com simpatia pelo governo Dilma. Além disso, o município também conta com um contingente da população de baixa renda que conta com programas sociais do governo federal.
Nesse sentido, se uma parte da população apoiou a decisão do deputado, haveria também um bom número de insatisfeitos. Na eleição de 2014, no primeiro turno, a candidata mais bem votada no município foi Marina Silva (Rede), mas Dilma ficou em segundo lugar abrindo uma grande vantagem sobre o terceiro colocado, o candidato Aécio Neves (PSDB). No segundo turno, a presidente venceu a disputa no município com mais de 10 % dos votos sobre o tucano.
O Levante Popular da Juventude, que organizou o protesto em frente à casa do deputado federal nesta sexta começou a se organizar nacionalmente em 2012. O movimento reúne jovens de universidades, das periferias das cidades e do campo. Hoje conta com aproximadamente 10 mil militantes no País. O grupo ganhou destaque em nível nacional com ações como a chuva de dólares lançados no deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o "porpurinaço" no deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).
Expulsão de Vidigal
Os seis deputados federais do PDT que votaram favoravelmente ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff , entre eles o presidente do partido no Espírito Santo, Sérgio Vidigal, podem ser expulsos do partido.
Caso a comissão decida pela expulsão, o PDT capixaba sofreria intervenção e Vidigal seria destituído do cargo de presidente. Ele também perderá a legenda para a disputa à prefeitura da Serra, onde estava cotado para a eleição. Mesmo que ingresse em outro partido, o prazo para as filiações para a eleição, de seis meses antes do pleito, já terminou.
A definição do PDT sairá no próximo dia 30 de maio, mas nos bastidores já se cogita a possibilidade de que a grita da nacional possa ter sido apenas uma ameaça, já que expulsando os infiéis, o partido teria uma redução de seis deputados federais em sua bancada.
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