VOVô. lino

 DECLARAÇÕES ao Padre Villa

          Na formação do processo dos indicados como cúmplice dos deploráveis

 factos atentatórios a liberdade de crenças, que se deram em

Matta-Pau, neste município, respondendo o humilde subseriptor destas linhas

as perguntas feitas, disse que não tinha a menor inimizade com o padre Luiz

Villa, ao que este mal educado e hipócrita sacerdote replicou dizendo que tinha

numa occasião receitado uma cangalha.

           O meu fim único vindo hoje a imprensa é declarar que este indigno sacerdote

e asqueroso homem faltou a verdade dizendo meu inimigo porque momentos antes

na presença do digno escrivão sr. Argeu Santos  cumprimentou-me dirigindo

nesta ocasião palavras amáveis. Porém do que esqueceu-se de certo s. rvma. é que

em pleno publico na Egreja desta cidade, na ocasião da bençam do s.s. sacramento

abusando do altar e do mandato que indignamente exerce amaldiçoou-me a a minha

família até a quarta geração. Diga-me r. revma, isto é digno de um sacerdote que se presa?

Então tão torpamente abusais assim das leis da Egreja amaldiçoando um homem sem

que possa provar, porque comette tamanha palhaçada?  Somente por intrigas procedeu

s. revma. por essa forma, mas depois de acto tenho passado melhor de saúde, meus

filhinhos que viviam adoentados estão gordinhos e gosam saúde. Já v. rvma. que até

lhe fiquei grato porque vossa maldição foi como se fosse a bençam do céu.

           Agora quer aceitar um conselho? Largue a batina, que para isso s. revma. não

tem propensão, e vá ser tropeiro ou pastorar porcos.

            Cidade de Muniz Freire, 1 de setembro de 1903.

             Lino Ribeiro de Assis


 

Esta carta saiu de Colatina, em árabe, com destino ao Líbano.

Colatina, 7-6-1930

                   Caro Sr. Emil
                   Tive a honra, anteriormente, de lhe escrever algumas linhas para que fique tranquilo sobre Shaik Michel e também para falar do método, que, nós, alguns conterrâneos, idealizamos e que ele seguiu durante muito tempo e que foi assunto de respeito e consideração de todos.
                 Também falei que eu segui na compra do exterior, de mercadorias para o meu armazém.
                 Isto durou sete meses até a paralização dos negócios, não só aqui como em todo Brasil. Então ele decidiu viajar para Vitória, Capital do Espírito Santo, onde o comércio é mais próspero e onde há mais possibilidade de negócios, que em Colatina, que é muito pequena e sem tantas ofertas de trabalho. O Senhorio também pensou em ajudar seu conterrâneos colocando todas as suas possibilidades à disposição dele.
                Assim ele viajou para a Capital e nós lhe mandávamos nossas notícias de Colatina.
                Desde a sua chegada a Vitória, começou a trabalhar vendendo a mercadoria que havia sobrado (do exterior) e continuou na mesma linha de trabalho, até pouco tempo, quando recebemos a notícia que nos entristeceu o coração deixando nossos olhos cheios de lágrimas.
               Ele morreu afogado num rio que fica perto de Vitória. Todo nosso ser se contraiu com a trágica notícia. O que aconteceu foi o seguinte: Ele pegou um barco que estava parado e remou até a outra margem.
              Pensou que saberia usar os remos e chamou o dono do barco que foi rapidamente socorrê-lo.
Infelizmente como ele já estava quase na outra margem o barco virou, havia alguém que estava com ele que consegui se salvar. Tragicamente o rio levou nosso amigo para o fundo das águas, sem ter pena de sua juventude.
            Comunicamos a Chefatura de Polícia que se encarregou da procura do corpo que foi encontrado e trazido para a Capital. A Colônia em peso chorou a sua morte e pedimos com saudades, a Deus, pela sua alma para que ele esteja em paz.
              Youssef Mansur Sahione