No período que Gerson Camata foi Governador, de 1983/1986, o tema Reforma Agrária teve um maior debate, afinal, estávamos saindo da Ditadura Civil Militar.
Numa reunião em Nova Venécia com produtores rurais ligados ao Sindicato Rural Patronal, com a presença de Camata, uma sequencia de pronunciamentos ia acontecendo.
Lembro que eu estava ao lado de Sérgio Ceotto, que era Secretário do Interior. Na medida que os discursos iam acontecendo, o clima ia aumentando. Na nossa conversa paralela, em tom de indagação falei para Ceotto:
- A barra da pesando, como o Camata vai sair dessa?
-Podem continuar falando, não tenho pressa. Quero ouvir mais.
Quando Camata iniciou o seu pronunciamento, ele deu um pulo na História. Contou que quando foi na Itália pela primeira vez, foi até a comunidade de onde saíram os seus antepassados, para conhecer o passado dos imigrantes que vieram para o Espírito Santo.
- Quando cheguei na comunidade de meus antepassados, perguntei onde meus avós haviam nascido. Onde moravam. Me indicaram o local, era um curral. Fiquei espantado e entendi a vida de dificuldades que viviam e que os levaram a vir para o Brasil, Espírito Santo. Aqui neste recinto tem muitos que também vieram da Itália. Vieram expulsos pela fome, pela falta de oportunidade e em busca de um futuro melhor
Camata foi construindo o seu discurso e finalizando falou:
-Quero dizer para todos que os que vivem nas suas terras sempre terão a proteção do Governo do Estado. Quem tem terras mas não moram nela, não as usa... mora longe dela, podem colocar as barbas de molho.
Camata foi aplaudido ao final da reunião.
Neste momento Sérgio Ceotto, retomando nossa conversa paralela me disse:
-Saiu e saiu muito bem.
E criou o PRODATERRA - Programa de Democratização do Acesso a Terra que implantou 23 assentamentos estaduais de reforma agrária. Foi muita coragem e determinação!
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