quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Pesquisador do Incaper faz palestras em curso internacional com foco em micologia e segurança alimentar

Incaper

10/02/2015 - 16h08min

O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) participou, entre os dias 2 e 6 de fevereiro, do curso internacional de verão – Avanços em Micologia Alimentar: do Garfo à Lavoura, realizado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), em parceria com a Universidade de Minho (Portugal), a Università Cattolica del Sacro Cuore –UCSC (Itália) e a Universidade Federal de Pernambuco (Brasil). Cerca de 50 profissionais e estudantes de pós-graduação participam do curso, de forma presencial e por videoconferência, para atualização na área de micologia, com foco na identificação de fungos causadores de micotoxinas nos alimentos. 

Um dos objetivos do curso foi fornecer aos participantes uma forte formação teórica e prática na área da micologia alimentar. Com carga horária de 40 horas, incluindo aulas teóricas e práticas, a capacitação incluiu a participação de docentes de reconhecido mérito científico do Brasil, Portugal e Itália. Pelo Incaper, o pesquisador e doutor em Fitopatologia, José Aires Ventura, fez três palestras sobre a identificação do Fusarium, fungo que atinge plantas e o solo. Ele foi convidado a participar do curso devido à experiência do Instituto na área de pesquisa em Fitopatologia e principalmente com fungos do gênero Fusarium.

A preocupação com a segurança alimentar está na agenda contemporânea. As leis e regulamentações internacionais estão cada vez mais rigorosas. Neste contexto, o curso intensivo realizado na UFLA abordou as novas técnicas e metodologias para identificação dos fungos filamentosos e a análise rigorosa das micotoxinas, um problema global quando se trata de produtos destinados à alimentação humana e animal. Esses fungos são também capazes de deteriorarem os alimentos pela produção de enzimas específicas. Estima-se que 5 a 10% da produção mundial de alimentos sofra deterioração provocada por micro-organismos e que 15% das infecções provocadas por esses micro-organismos estejam relacionadas com os fungos filamentosos.

“As leis e regulamentações internacionais que fixam a quantidade mínima permitida de determinados metabólitos secundários produzidos por fungos filamentosos em commodities agrícolas, estão cada vez mais rigorosas. Com o advento de novas técnicas e metodologias analíticas tem sido possível um maior rigor na análise dessas micotoxinas com resultados reprodutíveis e confiáveis em alguns segundos”, destaca o professor Nelson Lima, diretor da MUM, Portugal.

“O curso foi de extrema relevância no debate sobre segurança alimentar, já que a contaminação dos alimentos no “garfo” relaciona-se à contaminação por fungos nas lavouras, ou seja, é preciso adotar medidas de mitigação dos fungos para que não haja contaminação desde o início do processo de produção dos alimentos, ou seja, nas lavouras”, explicou José Aires.

O pesquisador do Incaper também disse que o convite feito ao Instituto para ministrar parte do conteúdo do curso foi uma demonstração do reconhecimento internacional à área de pesquisa agrícola capixaba. “É essencial que o conhecimento, como um bem intangível, seja socializado com os novos pesquisadores, a fim de melhorar cada vez mais a rastreabilidade e qualidade dos alimentos”, disse Aires.

Micotoxinas e mudanças climáticas
As aulas realizadas durante o curso trouxeram conteúdos relevantes para uma formação e atualização diferenciada. Entre os temas em destaque, o impacto das mudanças climáticas na segurança alimentar, que foi apresentado pela professora da Università Cattolica del Sacro Cuore (UCSC – Itália).

Para o pesquisador e professor Cledir Santos (MUM), também em atividade na UFLA como professor visitante, a segurança alimentar, analisada da perspectiva das mudanças climáticas, é um desfio urgente, sobretudo para países como o Brasil, considerado o celeiro do mundo. Ele ressalta que os produtores rurais devem se atentar para a necessária utilização de tecnologias e boas práticas agrícolas para se evitar a proliferação de micro-organismos e micotoxinas. “Com o aumento do calor e umidade, e as consequentes mudanças nas áreas de produção, há a predição de ocorrência de micotoxinas em áreas agrícolas onde não havia”, orienta o professor.

O curso
O Curso Internacional de Verão foi organizado pela equipe da Coleção de Culturas da Microbiologia Agrícola da UFLA, em parceria com a Micoteca da Universidade de Minho e apoio do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola e Núcleo de Estudos em Fermentações (Nefer/UFLA). Participam da comissão organizadora os professores: Rosane Schwan, Nelson Lima (MUM), Roberta Piccoli, Disney Dias, Cledir Santos (MUM) e Paola Battilani (UCSC).


Assessoria de Comunicação – Incaper
Juliana Esteves - juliana.esteves@incaper.es.gov.br
Luciana Silvestre - luciana.silvestre@incaper.es.gov.br
Texto: Luciana Silvestre
Tel.: (27) 3636-9868 e (27) 3636-9865 
Com informações de Wagner Schiavoni – Bolsista da Assessoria de Comunicação da UFLA (ASCOM) – DBI

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