segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Algumas pessoas conhecem programas de acolhimento, mas preferem viver nas ruas - VITÓRIA


Elizabeth Nader
População de rua
Pessoas em situação de rua ainda resistem às abordagens e preferem continuar morando fora dos abrigos
Se alguém pensa que pessoas em situação de rua são apenas gente sem oportunidade de vencer na vida, está enganado. Muitos já tiveram chances de viver em um lar, mas abandonaram suas casas para viverem livres de regras da sociedade e de seus entes mais próximos. Oprograma "Onde Anda Você?", lançado este ano pela Prefeitura de Vitória, tem mudado a vida de algumas pessoas. Mas muitos ainda resistem às abordagens e preferem continuar vivendo nas ruas.
Eles impressionam com aquele ar de que está tudo bem onde estão, passando o tempo conversando, bebendo cachaça e fumando. Aos 31 anos, com 17 passados nas ruas de vários municípios capixabas, M. A.C.C. considera que é obrigado a viver na rua. Meio desconfiado, ele disse que "prefere ficar nas ruas porque os usuários que frequentam os locais de abrigo discutem entre si por coisas simples".
Mas qual é o motivo principal de ficar longe dos abrigos? Ele confessou depois de uma longa conversa. "Já fui expulso do abrigo por causa de discussão com outros usuários, agora eu fico nas ruas, onde todo mundo é farinha do mesmo saco. Já parece uma família para mim", disse M.A.C.C., referindo-se ao grupo que se junta a ele na praça Costa Pereira, no Centro.
Um de seus principais amigos, L.R., 24 anos e morador de rua há 10, tem outra explicação para o motivo que o leva a preferir as ruas. "Não foi uma escolha, fui me adaptando com o tempo. Os programas do Centro Pop são bons, mas o vício atrapalha quem não aguenta ficar longe das drogas. Aqui na rua a gente experimenta tudo que aparece, desde cachaça, chás que provocam alucinações...". Ele já foi suspenso por 30 dias do Centro Pop por causa de desentendimentos. É lá onde ele toma banho e almoça quando tem condições.
A cachaça é o ingrediente principal e mais barato à mão deles, que compram a "meiota" (garrafa de 300 ml gordinha) a R$3,50 no supermercado e tomam juntos. O dinheiro eles conseguem vigiando carros ou lavando-os. A conversa flui alegre e descompromissada, muitas vezes desconexa, mas com uma característica comum: todos são "donos do próprio nariz".
Dificilmente aceitam imposições e querem se dar bem sobrevivendo com poucos compromissos. Isso é o que garante S.L.R., 42 anos, morador do Centro que já ficou em situação de rua por dois anos e resolveu voltar para casa. "Briguei com meu irmão, encostei uma faca na testa dele, a gente se desentendeu e vim para a rua porque gosto de fazer o que quero", contou ele. Agora, ele está trabalhando com carteira assinada.
Com edição de Matheus Thebaldi

Informações à imprensa:

Janete Carvalho (jocarvalho@vitoria.es.gov.br)
Tel(s).: 3382-6130 / 6128 / 98889-5573

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