domingo, 22 de janeiro de 2017

HYERCEM MACHADO - Um homem autêntico - texto de Helena Machado


                 Vestia-se de branco. Nunca o vi com roupa de outra cor senão branco. Alegre, simpático, falante e político por excelência. Inteligente, defendia com entusiasmo suas posições. O surgimento do Bairro Gilberto Machado deveu-se muito a ele. Frequentava, como todos os homens da sua época, o antigo "Bar Vitória". Tinha muitos amigos. Amava seus irmãos e sua família como um todo. Era generoso. Agradava as crianças, sempre com balinhas que levava no bolso. Tinha casa na praia onde passava os verões. De certa feita, aniversário de um de seus filhos, foi incumbido de ir a Cachoeiro pegar um bolo confeitado por Nair Coelho, maior confeiteira da cidade. O bolo era em formato de avião ou barco (não me lembro bem). Uma obra de arte. Lá veio Hyercem com a tábua de bolo nas mãos, segurando firmemente, na carroceria de uma caminhonete e apesar da estrada de chão esburacada, milagrosamente, ele chegou com o bolo inteiro. E qual não foi a surpresa de todos quando ao chegar na porta da casa, ele jogou o lindo bolo ao chão. Espanto geral. Inacreditável. Esse era o autentico Hyercem Machado. Transcrevo, abaixo, a mais perfeita descrição que seu filho Hyercinho faz do pai. Lindo!

              " O velho sempre estava à frente do seu tempo, pensava no futuro e tinha um humor refinado. Um sorriso sempre presente, de um modo encantador, agia sempre em câmara lenta, custei a aprender a andar ao seu lado, o seu passo a passo não era fácil ..." 
                Ainda cedo, com filhos adolescentes, seu comportamento e hábitos mudaram. Diagnosticado com bipolaridade, a mesma doença de seu pai, Gilberto Machado. Esta doença o levou a inúmeras internações para tratamento. Seu grande amigo Hélio Rosa o ajudou muito nessa ocasião, inclusive financeiramente. Variava entre fases de euforia e depressão, próprio da doença. Muitos anos depois, este amigo foi vitimado pela depressão e teve o mesmo destino. 

                Nas vésperas do acontecido, Hyercem veio a nossa casa, seguidas vezes, inclusive na madrugada, mostrando-se  bastante deprimido. Na ocasião ele demonstrava inconformidade com a atitude que Donato estava tendo contra seu irmão Gildo e sentia-se corresponsável por tê-lo posto na sociedade. Tentou fazer com que Donato cumprisse o contrato e até sugeriu que o vultoso valor cobrado na causa, fosse dividido entre os três irmãos. Ele estava muito tenso naquela noite. Ele ia e vinha, me lembro de vê-lo chorar. Pela manhã o telefone tocou cedo. Era Sylma, sobrinha que morava na sua casa, dando-nos a notícia do seu falecimento. Ele preparou-se para sua derradeira viagem. Deixou três cartas para a família. Sabe-se que uma das cartas, endereçada aos irmãos, foi entregue ao Donato. Nenhum dos irmãos, jamais, teve acesso a ela. Hyercem me apareceu, muitas vezes, em sonho e em reuniões mediúnicas, pedindo orações. As reuniões mediúnicas eram sempre com as presenças de Gildo e seu amigo Jacó. Ele estava, sempre, nas orações do Gildo e nas minhas também. Sinto saudades daquele cunhado falante, inteligente, sagaz, educado e atencioso. 
Abraços fraternos
Helena💕
         

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