Com um público de mais de 100 pessoas, o município de Brejetuba recebeu, na
tarde desta quinta-feira (03), a oficina do Pedeag 3 que discutiu a cadeia produtiva
do café arábica. Dessa vez o especialista convidado foi o agente de Desenvolvimento
Rural do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper)
Fabiano Tristão. Ele é engenheiro agrônomo e especialista em café e falou sobre a
evolução do arábica no Espírito Santo e sobre as perspectivas de crescimento e
desenvolvimento do setor para os próximos anos.
O secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag),
Octaciano Neto, deu as boas-vindas aos participantes e, em seguida, o
subsecretário de Desenvolvimento Agropecuário da Seag, Marcelo Suzart, apresentou
um breve panorama do agronegócio no Espírito Santo, relembrando que o setor
agropecuário do século XXI deve ter o foco em sustentabilidade e inovação tecnológica.
“Investir em sustentabilidade no agronegócio é fundamental para que possamos
caminhar em sintonia com o modelo de desenvolvimento exigido pela sociedade atual”,
destacou.
O especialista convidado, Fabiano Tristão, apresentou um panorama do cenário do café
arábica no mundo, no Brasil e no Espírito Santo. “A cafeicultura está presente em
mais de 60 países, movimenta cerca de R$ 85 bilhões por ano e envolve 8% da
população mundial”, disse. Segundo Fabiano, a produção de café estimada para esse
ano é de 153 bilhões de sacas, sendo que o arábica representa 57% deste total.
“Mesmo em cenários de crise, o consumo de café continua crescendo e devemos
nos posicionar para atender o mercado”, completou.
O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo e o segundo maior
consumidor depois dos Estados Unidos. De acordo com Fabiano, o Espírito Santo
produz, por ano, em torno de 9,9 milhões de sacas de conilon e 3 milhões de
sacas de arábica. “Além disso, o café participa com 43,60% do valor do valor bruto
da produção agrícola capixaba”.
Problemas e desafios
Fabiano Tristão também chamou a atenção para alguns obstáculos, como a escassez
da mão de obra, que representa 60% do custo de produção. Além disso ele
destacou a necessidade de investimentos no aumento da produtividade, no manejo
adequado do solo, em tecnologias com foco em sustentabilidade e na valorização
das questões ambientais e sociais.
Outras contribuições para que o cenário da cafeicultura continue em ascensão
também foram ressaltadas pelo especialista. São elas: agregar valor ao café,
reforçando a sua marca; ampliar a assistência técnica e rural - públicas e privadas;
ampliar as organizações de produtores, cooperativas e associativismo; melhorar a
gestão das propriedades; valorizar os cafés de qualidade superior; melhorar as
metodologias de previsão de safra; integrar as diversas instituições das cadeias
produtivas; e retomar a Câmara Setorial do Café.
Por fim, o especialista pontuou algumas das perspectivas para a produção de café arábica
para os próximos anos. Entre os pontos ressaltados por ele estão: o desenvolvimento
de uma cafeicultura mais adensada, com poda programada, focada em sustentabilidade,
com uma produtividade acima de 30 sacas/há; lavouras adaptadas à semi-mecanização;
menos mão de obra e mais qualificação do trabalho; cafeicultura focada na valorização
dos cafés especiais, de indicação geográfica e os produzidos de forma sustentável e a
necessidade de mais organização dos agricultores e diversificação das produções.
Contribuições do Pedeag 3
Em seguida, produtores rurais, representantes de entidades ligadas à produção e
comercialização do arábica, pesquisadores e lideranças comunitárias e cooperativistas
da região puderam apresentar sugestões, acompanhar um panorama do setor e
discutir seus principais desafios e oportunidades.
O produtor rural Joselino Meneguetti, da comunidade de Rancho Dantas, destacou que
a oficina foi muito importante para que os participantes pudessem agregar conhecimento
às suas atividades no campo. Segundo ele, a troca de experiências e o diálogo com
os órgãos do Governo é fundamental para o desenvolvimento sustentável da cafeicultura.
“O que mais chamou a minha atenção foram as orientações relacionadas ao manejo do
solo e à preservação das nascentes, como boas práticas agrícolas”.
O diretor técnico do Incaper, Lucio De Muner, afirmou que os municípios devem traçar
um plano de incentivo de desenvolvimento rural, com a união das instituições do
Governo, para assessorar os agricultores e também fortalecer o Fórum dos Secretários
Municipais de Agricultura.
Café no mundo
O café é uma atividade desenvolvida em todos os municípios capixabas. No ano
de 2014 a produção de café foi de 12,8 milhões de sacas. O Espírito Santo é o 2º
maior produtor brasileiro de café, com expressiva produção de conilon e arábica. O
café arábica é a principal fonte de renda em 80% das propriedades rurais capixabas
localizadas em terras frias e montanhosas. O Estado é o 3º maior produtor de arábica
do Brasil, atrás apenas dos estados de Minas Gerais e São Paulo. A produção anual fica
entre 2,8 a 3,5 milhões de sacas.
Atualmente, existem 150 mil hectares de café arábica em produção, em 48 municípios
capixabas, com 53 mil famílias na atividade. O setor gera 150 mil empregos diretos e
indiretos.
O Pedeag 3
As prioridades e diretrizes para o desenvolvimento do setor agrícola até 2030
estão sendo definidas pela Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento,
Aquicultura e Pesca (Seag), em conjunto com produtores rurais e representantes
das diversas cadeias produtivas do agronegócio. Até novembro serão realizadas
52 oficinas de trabalho em todas as regiões do Espírito Santo, que servirão de
base para a formulação do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura
Capixaba, o Pedeag 3.
O Pedeag 3 é um instrumento de análise do cenário atual e futuro que visa estabelecer
estratégias e iniciativas que possam ser planejadas, geridas e implantadas. O
primeiro foi elaborado em 2003, a partir de uma iniciativa pioneira na história
recente da agricultura capixaba. Logo o Pedeag se transformou na principal
ferramenta de planejamento do setor agrícola do Estado. Em 2008, a Secretaria
de Estado da Agricultura elaborou o Novo Pedeag, mantendo as linhas e diretrizes
da primeira versão, mas aprofundando a visão estratégica por culturas e regiões
capixabas.
O Pedeag 3 irá reunir os avanços obtidos nas duas versões anteriores do Plano,
com uma abordagem centrada na inovação, no empreendedorismo e na
sustentabilidade. Será formulado a partir da análise de cenários e da elaboração
de diagnósticos, identificando oportunidades e desafios, estabelecendo objetivos
e metas e definindo programas e ações a serem implantados para promover o
desenvolvimento do agronegócio capixaba. Tudo isso alinhado com a
análise de temas transversais, tais como capital humano, tecnologia e capacidade
de inovação, organização da produção, logística e comercialização, dentre outras.
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