sábado, 4 de julho de 2015

REALIZAR FESTA CAIPIRA É DISCRIMINAR O NOSSO AGRICULTOR Texto de Jorge Kuster Jacob


Podem me chamar de radical. Até prefiro a acomodado ou alienado. Karl Marx já dizia
“a palavra ‘radical’ vem de raiz”.  Sempre quis preservar, valorizar minhas “Raízes” ,
minhas tradições,  a cultura local, a cultura camponesa que é muito rica e independente
de qual profissão exerço somos todos dependentes deste homens do campo pois a nossa
alimentação vem da dedicação, da luta, da determinação deste trabalhador e preservador
dos recursos naturais dos quais também depende a nossa sobrevivência. Não existe
maior ecologista do que o agricultor familiar, do que este camponês.

Alguém pode dizer “é apenas uma brincadeira”. Não se brinca com o preto, branco,
mulato, analfabeto, deficiente ou homossexual. O nosso agricultor não é palhaço ou
objeto para esse tipo brincadeira. É uma grande idiotização realizar festas com as
desgraças dos outros. O capitalismo selvagem ainda usa esse tipo de tradição para impor
seu tipo de vida, cultura e consumismo. Tornar nosso agricultor um idiota em festas,
sem ser o sujeito da sua história impede dele vender a sua produção local. Destruir a
identidade cultural de uma comunidade é importante para o imperialismo impor o seu
modo de vida, vender a sua produção em grande escala. Consumir, comprar a cultura de
fora.

Essa ideia de Jeca Tatu vem de um Brasil analfabeto, sem assistência social, técnica. O
jeca é um personagem do livro “Urupês” de Monteiro Lobato. “Jeca Tatu, um caipira de
barba rala e calcanhares rachados – porque não gostava de usar sapatos, era pobre,
ignorante e avesso aos hábitos de higiene urbanos. Morava na região do Vale do Paraíba
(SP), distinta por seu atraso.”  (SENAC)

A festa caipira na verdade é comemorado como festa junina no Brasil todo. Na verdade o
termo caipira teria sentido e contribui muito com a cultura do interior de São Paulo e ou
para onde essa população paulista emigrou. Depois com a obra de Monteiro Lobato
caracterizou o caipira como um pobre, miserável, relaxando, doente, sem dentes e
malvestido. E de forma tradicional as festas caipiras e muitas festas dita juninas
perpetuam essa capones pobre, doente, sem cultura e chama isso de festa.

Festa vem do verbo festejar. Usar um chapéu desfigurado, pintar os dentes de preto para
aparentar desdentado, vestira calça pega frango, com a roupa remendada,falando
errado entre outras características deprimentes é festejar o que?

E outra mesmo que festejamos a identidade caipira ela só teria compromisso com a
identidade do povo paulista. Então constatamos dois problemas que não justificam a sua
realização em outros estados.

Escolas, igrejas, associações, outras entidades realizando essas festas caipiras ou usam
musicas e danças dos EUA ou outros países impostos pelo consumismo das redes sociais
e nossos meio de comunicação demonstra uma analfabetismo institucionalizado.

Mostra a falta de conhecimento da nossa identidade história e cultural local. Mostra a
nossa preguiça pedagógica somada ao nosso analfabetismo e a falta de
empreendedorismo cultural.

A rica cultura camponesa ou “caipira” não pode se sujeitar a tanta humilhação. Se não
sabem fazer festa com base na nossa identidade histórica local por que estuda a história
do meu município, região ou Estado?

Hoje o negro, o deficiente, o gordo, o homossexual, os índios, entre outros movem
processos contra alguém que fale ou use imagem discriminado a sua identidade. Que
tal os agricultores discriminar também quem faz festa com a sua imagem de calça “pega
frango”, desdentado, analfabeto, andar torto, e sujo?

As escolas ainda precisam assumir a sua identidade e história local. A mídia (redes
sociais) estão aí para nos mostrar o que os outros são capazes de fazer e que não
devemos copiá-las. Mas nos desafiar a fazer melhor mas com relação intima com a
nossa história e todos as nossas manifestações culturais mais tradicionais.

Isso acontecendo a cultura passa a ser a argamassa da economia local. Passa a ser o
recheio do bolo da economia local. Passa a ajudar a gerar renda e desafia a nossa população a ser empreendedora cultural e economicamente falando.

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