sexta-feira, 26 de setembro de 2014

ERNO JULIO DIETER, PRIMEIRO PREFEITO DE VILA PAVÃO FALECE

texto de Jorge Kuster Jacob
É com pesar que noticiamos o falecimento do primeiro prefeito Municipal
de Vila Pavão, Erno Julio Dieter aos 60 anos de idade.
Erno estava internado no Hospital Alberto Silvares, São Mateus, desde
o dia 24 deste mês por complicações hemorrágicas e veio a falecer por
agravamento de seu estado de saúde, hoje à tarde, dia (26/09).

Foi pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
de 1991 a 1989, depois, candidato e eleito como primeiro Prefeito de Vila
Pavão logo após a separação do distrito de Nova Venécia no dia 1 de julho
de 1990 (dia do plebiscito, também considerado o “Dia da Cidade”).

Seu mandato aconteceu de 1992 a 1995. Atualmente Erno era diretor
proprietário do Hotel Haus e do Posto de Gasolina Raízes no centro de Vila
Pavão.

Fato inédito aconteceu em Vila Pavão na época da primeira eleição.

Dois pastores da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil/
IECLB disputaram a primeira eleição do município. O pastor Erno Julio
Dieter(PDT) era candidato da oposição apoiado pelo PDT, PMDB e PT
e tinha o apoio do ex-prefeito e ex-vice governador do Estado, Adelson
Salvador. O pastor Aroldo Felberg(PSDB) era da situação apoiado pelo
então prefeito de Nova Venécia Walter De Prá e apoiado pelo PTB e PFL.
Erno era gaúcho e estava em Erexim (RS) na época, mas tinha deixado Vila
Pavão a dois anos onde tinha sido pastor no Córrego da Peneira por 8 anos.
Aroldo era filho da terra, da tradicional família Felberg, tinha saído para
estudar e estava atuando como pastor no estado do Paraná, mas passava
férias constantemente em Vila Pavão, na casa dos pais.

A primeira campanha política foi humilde. Não foram gastos fortunas.
Os gastos de cada candidato não chegaram a 50 mil reais na época. Os
comícios mais pareciam reuniões nas comunidades. Assim no dia 03 de
outubro de 1992 foi realizada a primeira eleição para prefeito e vereadores
de Vila Pavão.

Os votos foram contados em Nova Venécia. Foi eleito Erno Julio
Dieter(PDT).A primeira administração da história de Vila Pavão teve que
criar uma estrutura mínima para começar a administrar. Nesse sentido,
com apoio do Grupo EmanciPavão foi realizado uma festa com doação de
animais para a realização de bingo e leilão e assim conseguimos adquirir o
primeiro imóvel do Sr. Emílio Berger que também fez um preço abaixo do
valor real na época. Essa casa foi a primeira sede da prefeitura municipal
de Vila Pavão, localizada no centro da cidade, na Rua Vasco Coutinho,
onde hoje funciona a Secretaria de Cultura e Turismo. Hoje essa casa
é patrimônio da arquitetura pomerana de Vila Pavão. E assim em 1o de
Janeiro de 1993, na frente desta casa, primeira sede administrativa de Vila
Pavão tomava posse o prefeito eleito Erno Julio Dieter(PDT).

O prefeito Erno Júlio Dieter não era capixaba. Era gaúcho, natural de
Lajeado, RS, onde nascera no dia 04 de fevereiro de 1954. Casado
com Karin Hilde Dieter que juntos tiveram 3 filhos, todos nascidos
em Vila Pavão, quando trabalhou como pastor na Igreja Evangélica de
Confissão Luterana no Brasil/IECLB do Córrego da Peneira na década
de 1980.Destacou-se como pastor e político quando ajudava o povo a
organizar-se na busca pelos seus direitos. Teve luta destacada na época
ainda como pastor na criação do Ensino Médio no então distrito de
Córrego Grande e buscava sempre benefícios para o distrito em Nova
Venécia junto a prefeitura e Copernort e até mesmo junto ao Governo
Estadual. Na oratória era mestre. Foi destacado professor da escola local.

Era sempre solicitado na capital para o uso da palavra representando os
prefeitos do Espírito Santo. Erno também era constantemente requisitado
pelo governador da época para acompanhá-lo à Brasília representando os
prefeitos nas reivindicações do Estado.

Antes da emancipação política uma pesquisa de opinião pública havia sido
realizada e o nome do pastor Erno era o mais aceito para ser o primeiro
prefeito do município. Na pesquisa apareciam ainda os nomes de Toninho
Moreira, Jorge Kuster Jacob, entre outros. Essa popularidade deve-se ao
fato de que na época de pastor Erno envolvia-se muito na comunidade
pavoense. Erro também foi professor na escola de Vila Pavão, na época,
assim como a sua esposa Karin. As principais obras foram a estruturação
administrativa, a aquisição da sede da prefeitura, a construção da nova
Escola Ana Portela de Sá e a reconstrução da ponte de sobre o Rio Cricaré,
em São Gonçalo. Houve muita participação popular, tanto na aquisição da
sede da prefeitura com doação de gado, sacas de café, porcos, dúzias de
ovos, galinhas para festa e leilão. Interiorizou o Ensino de 5a a 8a série para
Todos Santos, Todos Anjos, Praça Rica e Veloso.

No senso na época da emancipação, Vila Pavão só tinha 6 pessoas
com curso superior: o prefeito Erno, sua esposa Karin, o pastor da
Igrejona(IECLB), Sigifredo Kalke, o pastor da Igreja Evangélica Luterana
do Brasil/IELB, Ernani Zimmer, o engenheiro agrônomo e professor
do CIER, Dulcino Bento Zucateli e o sociólogo e diretor do CIER,
Jorge Kuster Jacob. Essa era a dificuldade de Vila Pavão, agora para
administrar seus destinos e para programar uma Escola de Segundo Graus
tão reivindicada pela população. Só para termos uma idéia, Águia Branca
quando emancipou tinha 36 pessoas com curso superior.

Outro detalhe, o distrito Vila Pavão só tinha um trator (giriquinho) para
recolher o lixo, 6 vassouras, um carrinho de mão, um ônibus para o
transporte escolar (CIER) e uma ambulância. Não tinha asfalto de Vila
Pavão a Nova Venécia e nem de Vila Pavão a Paulista (Barra de São
Francisco). Tinha herdado de Nova Venécia (mãe), um veículo duas portas
modelo Ford. A primeira vez que Erno e o Secretário de Educação foram
para Vitória, com esse veículo buscar recursos e apresentar projetos para
o município, “o carro sem ar condicionado, batendo as latarias, o volante
tremia que quase não conseguia segurar quando fomos parados pela Policia
Federal no município da Serra. Foi quando percebemos que o documento
estava atrasado três anos. Quase ficamos presos, mas como conseguimos
explicar fomos liberados e conseguimos debater na Secretaria de Estado
da Educação a criação das escolas de 5a a 8a séries para Praça Rica, Todos
Santos, Todos os Anjos e Veloso, entre outras coisas.

Na educação, não tínhamos sala de aula para receber os alunos do interior.
Mas também não tínhamos transporte escolar para trazer os mais de 200
novos alunos matriculados, especialmente nas 5a series e segundo grau,
na época. O desespero era grande. O governo do Estado não tinha como
nos ajudar nem com transporte e nem com a construção de salas de aulas.

A luta enorme e o inicio da aula se aproximava. A Escola Ana Portela
suportava mal os alunos da sede. Resolvemos implantar ilegalmente, mas
moralmente correto, os chamados “anexos”. O que era isso? Eram salas de
aulas anexas à Escola Ana Portela de Sá: uma em Todos os Anjos, outra
em Todos Santos, outra na Praça Rica e uma na Comunidade dos Veloso.

Era ilegal ter uma sala de aula mais de 500 metros distante da escola
administrativa. O secretário de estado da educação na época, “fechou um
olho” e assim abrimos as referidas salas. Num final de semana, o eletricista
Noberto Lauer e seu filho Ivan Lauer instalou todas as lâmpadas nas 4
escolas. Onde implantamos as 5a series. Cada sala dessas tinha em média
50 alunos. Eram 200 alunos realizando seus sonhos de reiniciar os estudos.

A diretora da Escola Ana Portela de Sá, na época, Nélia Buge Rossim,
topou administrar a parte burocrática como se fosse uma sala da sua escola,
recebeu uma secretária escolar para isso, e o secretário municipal de
Educação, na época assumiu a parte disciplinar juntos com os professores
destas salas.

Os três filhos de Erno moram em Vitória. Tudo indica que o velório a
acontecerá no Ginásio de Esportes de Vila Pavão.

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