O professor de História e pesquisador da cultura pomerana no Brasil, Jorge Kuster Jacob
esteve 20 dias de março em Espigão do Oeste (RO) fazendo uma pesquisa com as famílias
pioneiras pomeranas naquele município rondoniense. Jorge já tem três livros escritos sobre
os pomeranos no Brasil, entre eles, o primeiro livro escrito no país sobre os pomeranos
em ..denominado “A Imigração e Aspectos da Cultura Pomerana no Espírito Santo”. O
professor também tem dois filmes sobre o tema e diversas participações em outros filmes,
jornais e revistas sobre o tema.
Os pomeranos no Espírito Santo são os mais tradicionais do mundo. A Pomerânia era uma
das 36 províncias da então Confederação Germânica, atualmente a Alemanha. De cada 10
imigrantes germânicos ( hunsruker, tirolês, polonês, holandês, entre outros) que vieram para
o Espírito Santo em 1859, sete e meio eram pomeranos. Diferente daqueles que foram para
Santa Catarina e Rio Grande do Sul onde os hunsruker eram maioria. Assim num processo
de miscigenação a identidade cultural pomerana predominou aqui no Espírito Santo fazendo
dela a mais tradicional ainda hoje no mundo, uma vez que na antiga Pomerânia que hoje 70%
de seu território pertence a Polônia e apenas 30% ficou pra Alemanha. Lá num processo de
globalização se tornaram poloneses ou alemães. Então, apenas aqui no Espírito Santo ainda
temos essa tradicional cultura. Ou seja, a “Pomerânia é aqui”.
De 1970 a 1990, grande parte dessa população emigrou para Rondônia na busca da “terra
prometida”. Aqui com a política da erradicação do café, principal esteio econômico da
agricultura familiar, falta de política agrícola para o setor e o número elevado de filhos para
herdar a terra fez muitos irem atrás do sonho e da promessa do Governo Federal de terras na
Região Amazônica em especial Rondônia. Vila Pavão, nessa época chegou a perder 40% de sua
população para Rondônia. Foi o lugar (na época era distrito de Nova Venécia) que mais perdeu
sua população para Rondônia, especialmente Espigão do Oeste.
Em 20 dias na cidade de Espigão, o pesquisador esteve em contato e entrevistou 60 famílias
e coordenou um grupo de estudantes que ficaram para realizar mais outras entrevistas
para assim atingir um maior numero de famílias que no inicio de 1970 até 1990 deixaram
as terras capixabas para buscar o sonho da terra própria nas Novas Áreas de Colonização,
especificamente em Rondônia.
-“ A nossa ideia é registrar essa experiência da história da migração pomerana onde seus
principais autores ainda estão em sua grande maioria vivos. A gente tem a história da
emigração em 1859 para o Espírito Santo com poucos ou nenhum registro. Temos depois esse
processo de migração para a região central(1900) do Estado e nada foi fotografado ou escrito.
Depois tivemos uma nova migração para o norte(1940)do Espírito Santo e nenhum registro.
A nossa intenção é registrar para a história com depoimentos de famílias desde a viagem que
durava em media 10 dias, a dificuldades das estradas com a vigilância das polícias de fronteiras
e o famoso “Areião” que ficava logo depois de Cuiabá quando não existia mais asfalto até
os anos de 1982. Também a dificuldades para chegar nas suas terras que ficavam quase 100
quilômetros mata adentro sem se quer uma picada. O contato com os índios, que na sua foi
uma relação delicada mais pacifica. As primeiras colheitas que eram quase todas consumidas
por animais silvestres alem de no mercado não ter o valor devido. Muitos imigrantes até que
se deram bem que aqui eram meeiros lá hoje possuem seu pedaço de terra para viver. Mas
uma considerável parcela ainda continua procurando a terra prometida por matas adentro em
áreas que não tem muita infraestrutura. E uma pequena parcela que trabalhou inicialmente
com a extração da madeira e agora com gado de leite mas especialmente gado de corte é
que ficou rica ou está ficando rica. A madeira que foi a principal salvação econômica no inicio
da imigração agora está sob rígida fiscalização e tem trago muitos problemas na justiça para
a população rural de Rondônia. Também podemos constatar que Espigão do Oeste, cidade
que recentemente com Vila Pavão construiu um projeto denominado “Cidades Irmãs” que
propõe até algumas atividades culturais entre elas e por isso hoje também é denominada a
“Pomerânia Amazônica”. – disse Jorge.
A pesquisa em Rondônia teve o apoio dos ativistas culturais Martino Tesch, Evaldino
Keller,Valdemiro Brandt, Doglismar Pagung e Nelson Pagung. A Associação Pomerana de
Espigão do Oeste e o programa “Raízes Pomeranas” da Rádio Sociedade de Espigão do Oeste
apoiou e deu divulgação a pesquisa. Essa pesquisa vai virar um livro ate o final do ano e será
lançado aqui em Vila Pavão e no Estado ate janeiro e em Espigão do Oeste no VI Pommer BR –
Encontro Nacional do Pomeranos em julho de 2015.
TEL para contato e outras informações 27-999967063...ou 27-375310 49
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