sexta-feira, 14 de junho de 2013

Palestra de Paulo HaRTUNG EM Cachoeiro de Itapemirim


- Gostaria de parabenizar os organizadores deste encontro de lideranças tão
expressivas da nossa querida Cachoeiro de Itapemirim e do nosso querido Sul
Capixaba.
- Registro também meus agradecimentos pela honrosa oportunidade de
conversar com vocês.
- O convite é para falar do Espírito Santo, mas como não somos ilha, vou
começar falando um pouco da conjuntura internacional e nacional, o que nos
afeta em maior ou menor grau.
- Começo falando da situação mundial, uma vez que, além das conexões da
globalização econômica que alcançam a todos, o Espírito Santo sofre impactos
ainda mais expressivos por sua economia ser muito aberta e ligada ao comércio
- A crise instalada em 2007/2008 continua causando efeitos negativos mundo
afora. A boa notícia é que os Estados Unidos emitem sinais de recuperação. Em
maio foram criados 175 mil empregos, acima do esperado para aquele mês (163
novos postos de trabalho).
- No entanto, a Europa vive um grave quadro recessivo, cujo fim ainda não se vê
no horizonte.
- O Japão implementa um plano econômico ousado para tentar dinamizar a
economia. E nos últimos meses a bolsa e o iene vêm se fortalecendo. A China
registra crescimento em queda, com taxas entre 7% e 7,5%, mas ainda em
patamar elevado.
- Enfim, com a maior economia planetária ainda em recuperação, mesmo dando
sinais de melhora, o quadro geral de baixo crescimento ainda vigora e não há
sinais claros de reversão expressiva em curto prazo.
- No caso do Brasil, por causa de decisões equivocadas e do adiamento de
reformas modernizantes essenciais, além da influência de questões externas,
temos um quadro também complexo.
- O PIB do primeiro trimestre ficou em 0,6%. Nos últimos 12 meses, com
referência a maio, a inflação medida pelo  Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 6,50%, exatamente o teto da banda de
tolerância da meta do Banco Central. Os juros tiveram dois aumentos seguidos,
saindo de 7,25% para 8%.
- Ou seja, temos crescimento baixo, alta inflação e retomada de incremento dos
juros.
- Paralelamente, ainda temos o rápido agravamento das contas externas, com
crescimento das importações e queda nas exportações, além da desvalorização
do real frente à alta do dólar.
- Nessa conjuntura adversa, nem tudo está perdido. Vivemos uma situação de
quase pleno emprego. O índice de desemprego no Brasil, no mês de abril, foi
de 5,8% da população economicamente ativa, o menor nível para um mês de
abril nos últimos 11 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Além disso, os índices de investimento começaram a reagir,
ultrapassando a casa dos 4%.
- E o nosso Estado, como está em meio a esta conjuntura?
- Começo dizendo que  reafirmo meu otimismo com o presente e o futuro das
terras capixabas.
- E mantenho essa minha crença otimista, mesmo em meio a alguns desafio
importantes, porque temos inúmeras e estratégicas oportunidades de
desenvolvimento.
- Conforme dissemos, internacionalmente temos uma situação adversa, o que
nos afeta de maneira mais intensa no conjunto da Federação. Em contrapartida,
temos um governo organizado, com grande capacidade de investimento.
- A partir da reconstrução político-institucional capixaba, iniciada em 2003,
consolidou-se um alto padrão de investimento na melhoria de infraestrutura
socioeconômica estadual.
- No tocante aos arranjos produtivos, merecem atenção especial os setores de
confecções e metalmecânica, principalmente em razão da concorrência externa,
da carga tributária, dos custos de energia e mão de obra e de deficiências na
- De outra sorte, a agropecuária, base econômica histórica de nosso Estado, ve
diversificando suas atividades, vide a fruticultura e silvicultura, e ampliando
a produtividade e a qualidade, como ocorre, por exemplo, na cafeicultura e na
pecuária.
- O setor de rochas ornamentais, depois de viver o desafio gerado pela crise de
financeira internacional, vive novamente um bom momento.
- Apesar dos problemas relativos à modernização e ampliação do aeroporto e
da BR 262, a concessão da BR 101 caminha para uma solução. Ainda não temos
definição sobre um terminal portuário de águas profundas para movimentação
de contêineres, mas o Porto de Vitória está sendo ampliado.
- Ainda nessa área, vale ressaltar o avanço que foi a aprovação da nova lei dos
portos, que, permite, por exemplo, a movimentação de cargas de terceiros em
portos privados.
- Temos plantas industriais importantes em construção ou em vias de serem
entregues. São vários os casos. Cito, para exemplificar, a Bertolini, em Colatina,
e a 4ª usina de pelotização em Ubu.
- O negócio do petróleo e gás se expande e apresenta excelentes perspectivas.
A partir da primeira década deste milênio, foram descobertos os campos
marítimos do Parque das Baleias e do Parque das Conchas, assim como
Golfinho, Canapu e Camarupim, além de alguns campos terrestres com
destaque para Inhambu. Recentemente, foram anunciados os parques dos
Doces, Lagos Africanos, Montanhas Capixabas, Cachorros, Deuses Africanos e
Queijos.
- A Jurong está se instalando em Aracruz e já tem encomendas de sete sondas de
perfuração, no valor total de cinco bilhões de dólares, oferta de seis mil postos
de trabalho, durante cerca de sete anos de atividades. Um começo e tanto
- Somente a Petrobras emprega 2.300 trabalhadores próprios e outros 8.850
parceiros. Ou seja, considerando todos os serviços especializados que ela
demanda, via terceirização, o total de vagas de trabalho passa de 11 mil postos.
- Todo esse montante se refere a uma produção atual de 16 mil barris de
petróleo/dia em campos terrestres e 360 mil barris/dia em campos marítimos,
dos quais 100 mil no pré-sal.
- Por falar nisso, essa nossa produção representa 1/3 da produção nacional no
pré-sal, que chega a 300 mil barris/dia.
- A produção de gás chega a 12 milhões de metros cúbicos por dia.
- Para se perceber a evolução do negócio do petróleo e gás no Estado, saímos
de 1% da produção nacional de petróleo em 2000 para um patamar de 14% em
2013.
- E as perspectivas são muito boas. Na última rodada de licitações, os campos
capixabas foram dos mais disputados, tendo sido leiloados seis novos blocos em
terra e seis no mar.
- Até o fim do ano, entra em operação da P-58, no Parque das Baleias, aqui na
região Sul, com capacidade de produção de 180 mil barris de petróleo por dia.
- Até 2020, a previsão é que a produção de petróleo passe para 400 mil barris/
- Está prevista para 2017 a instalação da planta de fertilizantes.
- As bases de suprimento são um segmento demandado pela exploração e
produção de petróleo e gás. O Porto de Vitória já opera essa atividade. A norteamericana Edison Chouest Offshore já recebeu a licença ambiental prévia para
instalar sua base em Itapemirim. E outros dois projetos estão em processo de
licenciamento, a Itaoca Offshore e o Porto Central.
- Somente a Petrobras planeja investir em exploração e produção no Estado 14,4
bilhões de dólares entre 2013 e 2017.
- Vale ressaltar que esse negócio requer uma cadeia inteira de fornecedores de
produtos e serviços, mobilizando profissionais como engenheiros, geólogos e
técnicos em vários campos.
- Pelos recursos que gera e movimenta, o negócio do petróleo e gás e suas
conexões têm o potencial de transformar nossas condições de desenvolvimento
socioeconômico.
- Falando apenas em termos de royalties e participações especiais, o aporte
de recursos é crescente. Durante o meu governo (2003-2010), não tivermos
uma entrada de recursos tão expressiva. De 2003 a 2010, o Estado recebeu R$
1 bilhão e 239 milhões. Só em 2012, o montante chegou a R$ 1 bilhão e 240
milhões de recebimentos em royalties e participações especiais.
- Ou seja, durante os meus dois mandatos, o Espírito Santo recebeu o
equivalente ao repassado somente no ano de 2012, o que expressa a evolução do
setor e a sua potencialidade.
- No entanto, é preciso ter consciência de que essa riqueza que estamos
apenas começando a explorar é finita e traz implicações socioambientais e
infraestruturais significativas.
- Tais fatos devem nos fazer pensar, neste atual momento, em como aproveitar
as oportunidades e enfrentar os desafios impostos pelo negócio, além de
planejar um futuro capixaba sem petróleo.
- Nesse sentido, é importante usarmos parte significativa desta riqueza para
garantir melhores condições de vida às atuais e também às futuras gerações.
- Assim, além de investir no enfrentamento das demandas e superação de riscos
inerentes ao negócio, pensando no futuro devemos focar na diversificação
econômica, com suporte às vocações regionais; na educação de qualidade e
na formação de capital humano; e também na ampliação e qualificação da
infraestrutura logística, potencializando nossa privilegiada posição geográfica.
- Enfim, meus caros, com a reconstrução político-institucional e a implantação
de um renovado modelo de desenvolvimento que implantamos a partir de 2003,
as terras capixabas têm um futuro de prosperidade praticamente contratado.
- Digo praticamente, porque isso é uma luta do dia a dia. Cotidianamente, é
preciso trabalhar para conservar as conquistas, garantir as vitórias já obtidas
e ao mesmo tempo continuar a caminhada. Afinal, como escreveu SaintExupéry, “o futuro não é um lugar para onde estamos indo, mas um lugar que
estamos criando”.
- Obrigado e bom trabalho para todos nós!

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