sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Espírito Santo vai renovar e revigorar lavouras de café arábica





GIA / SEAG
O objetivo do Programa é aumentar a produtividade, melhorar a qualidade do produto e oferecer maior sustentabilidade da atividade.

O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aqüicultura e Pesca (Seag) e do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), vai lançar, nesta terça-feira (07), o Programa Renovar Arábica. A solenidade terá início às 9 horas, com a participação de mais de 700 produtores, no Centro Regional de Desenvolvimento Rural Centro Serrano do Incaper, em Domingos Martins.
O objetivo é aumentar a produtividade, melhorar a qualidade do produto e oferecer maior sustentabilidade da atividade a partir da renovação e do revigoramento das lavouras de café arábica do Estado. Com o Programa, espera-se, entre outras ações, dobrar a produtividade e a produção do arábica capixaba.
O programa será implantado em 49 municípios, numa área de aproximadamente 190 mil hectares, em mais de 20 mil pequenas propriedades de base familiar e que envolvem cerca 53 mil famílias. Durante o lançamento, o Incaper irá recomendar três novas variedades de arábica para a região produtora do Estado, além de lançar a publicação “Técnicas de Produção de Café Arábica” e realizar a distribuição de sementes para produtores e viveiristas iniciarem a renovação de suas lavouras.
Entre as principais metas, que deverão ser cumpridas em um prazo de 15 anos, está a renovação de 100% do parque cafeeiro de arábica com variedades recomendadas pelas pesquisas científicas e com a utilização de boas práticas agrícolas. Com isso será possível dar um salto histórico na produção do café arábica capixaba: dobrar a produtividade, elevando de 12 sacas beneficiadas/ha para 23 sacas e aumentar a produção de dois para quatro milhões de sacas, sem aumentar a área plantada.
Outras metas também estão no Programa, como ampliar a produção de café superior de 300 mil para um milhão de sacas por ano e a exportação desse produto com valor agregado, além de implantar salas de provas de café arábica em todos os municípios e.
Cafeicultura de arábica no Espírito Santo
O Espírito Santo é o segundo maior produtor de café do Brasil – com estimativa para 2008 de 10,3 milhões de sacas – e o primeiro de Conilon (7,5 milhões de sacas). A produção capixaba representa mais de 25% do total nacional. Se focar a produção de arábica, o Estado fica em 4º lugar no ranking nacional, atrás apenas de Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Mas o que mais se destaca nesse café é a qualidade. O café arábica do Estado é conhecido mundialmente como o “Café das montanhas do Espírito Santo”, e recebeu diversos prêmios internacionais, além de ser exportado para Europa e Estados Unidos.
A cafeicultura é responsável por 43,6% do Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária do Espírito Santo. Já o café arábica representa 9,3% do VBP Capixaba.
A cafeicultura de arábica é uma das principais atividades das regiões Serrana e Caparaó do Espírito Santo, que são responsáveis por cerca de 74% da produção de arábica do Estado. A atividade está presente em aproximadamente 20 mil propriedades, oferecendo trabalho a 53 mil famílias e gerando 150 mil empregos diretos. Mais de 75% dos produtores que cultivam esse café são de base familiar, com área média de plantio de 4,8 hectares, em altitudes de 400 a 1.200m. A altitude média das lavouras é de 671 metros.
Segundo o coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura, Romário Gava Ferrão, a produtividade média de arábica entre 12 e 14 sacas beneficiadas/ha é considerada baixa, sendo uma das menores do País. “Os principais problemas que levam à baixa produtividade são o parque cafeeiro envelhecido; necessidade de melhor gestão da atividade; seca e má distribuição de chuvas; baixa escolaridade dos cafeicultores; deficiência de crédito para custeio e investimento; assistência técnica ainda insuficiente; pouca organização dos cafeicultores; baixo uso de adubos e insumos em função dos preços elevados dos mesmos; elevado custo de produção; deficiência na utilização das tecnologias para a renovação e revigoramento das lavouras (mudas de qualidade, variedades, poda, conservação de solo, adubação e calagem, irrigação, manejo de pragas e doenças), entre outros”, destaca.
O pesquisador Romário Ferrão afirma, ainda, que os produtores que têm utilizado adequadamente as tecnologias desenvolvidas para as condições de clima e de solo do Estado, e feito boa gestão da atividade, estão alcançando produtividade até 80 sacas beneficiadas/ha em anos favoráveis.
A pesquisadora do Incaper e da Embrapa Café, Maria Amélia Gava Ferrão, afirma que em condições experimentais, registram-se produtividades ainda maiores. “Alguns materiais genéticos apresentam potencial produtivo de até 120 sacas beneficiadas/ha”, garante.
De acordo com o diretor-presidente do Incaper, Gilmar Dadalto, o café arábica, ou o “café das montanhas do Espírito Santo”, como é conhecido mundialmente, apesar de receber ao longo dos anos ganhos significativos na qualidade do produto – o que rendeu até prêmios nacionais – teve pouco avanço na produtividade. “O Programa Renovar Arábica vem justamente resolver esse gargalo e ser um marco na história da cafeicultura de arábica do Estado, já que pretende revigorar todas as lavouras capixabas de arábica, com vistas à melhoria não apenas da qualidade, mas principalmente da produtividade do produto”.
Por isso, destaca Dadalto, “são necessários avanços tecnológicos e apoio governamental em ações planejadas, à semelhança do que ocorreu como o café Conilon. O que queremos é uma renovação intensa das lavouras, e para isso o Incaper e a Seag recomendarão mais três novas cultivares, disponibilizará sementes certificadas dos materiais genéticos recomendados, implantará um Programa de Aquisição e Distribuição de Calcário, entre outras ações”.
O Programa Renovar Café Arábica está inserido no Programa Estadual de Cafeicultura Sustentável, o qual está sendo elaborado com base no Novo Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba (Novo Pedeag 2007 – 2025), e recebe o apoio do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D Café), da GTZ, entre outros.
Ações Estratégias do Programa:
1. Recomendação de mais três novas cultivares – Em 2004, o Incaper recomendou 13 cultivares de café arábica. Na próxima terça-feira (07), serão mais três cultivares: “Obatã, “Paraíso” e “Tupi”. Essas variedades apresentam, além de altas produtividades, estabilidade de produção e grãos grandes, a resistência à ferrugem – a principal doença que afeta os cafezais.
2. Disponibilização de sementes certificadas dos materiais genéticos, recomendados pelo Incaper, aos cafeicultores e viveiristas – A distribuição de 2.106Kg de sementes, em outubro de 2008, será suficiente para renovar, em 2009, cerca de mil hectares do parque cafeeiro de arábica do Estado. Nos próximos anos, serão distribuídas 20 toneladas de sementes, suficientes para cobrir cerca de 10 mil hectares, num processo de renovação a uma taxa em torno de 5% ao ano.
3. Disponibilização de informações técnicas e tecnologias atualizadas para a renovação do parque cafeeiro – Lançamento da publicação denominada ‘Técnicas de Produção de Café Arábica’, que apresenta as principais tecnologias, conhecimento e experiências de produção para a renovação e revigoramento das lavouras no Espírito Santo.
4. Implantação de cursos para técnicos e para produtores em boas práticas agrícolas – Serão organizados cursos para técnicos do Incaper e para produtores, onde serão abordados conteúdos relacionados às boas práticas agrícolas, visando aumento da produtividade e melhoria da qualidade, com sustentabilidade.
5. Assistência técnica: acompanhamento da produção de mudas e das lavouras – Os cafeicultores e viveiristas selecionados para receberem as sementes das variedades recomendadas serão acompanhados de forma mais sistematizada pelo Incaper.
6. Instalações de Unidades Demonstrativas nos municípios das áreas produtoras de arábica – A partir de 2009, serão instaladas, em área de produtor selecionado pelo técnico local do Incaper, pelo menos uma Unidade Demonstrativa (U.D) em cada município de arábica do Estado. As unidades terão 0,5 hectares de lavoura, onde serão utilizadas as tecnologias preconizadas pelo Incaper.
7. Renovação e Ampliação de Viveiros municipais e comunitários – Promover ações que contemplem a renovação e ampliação de viveiros de mudas coletivas priorizando as organizações de produtores que atenda os critérios definidos pela Seag. Essa iniciativa tem a finalidade de ampliar a oferta de mudas de café arábica de qualidade.
8. Incentivo e apoio a instalações de Campos de Produção de Sementes – Visando dar sustentabilidade ao Programa Renovar Arábica e diminuir a dependência externa de materiais genéticos recomendados para o Estado, pretende-se incentivar a Instalação de 20 Campos de Produção de Sementes, com o apoio técnico e fornecimento de material básico pelo Incaper. Essa ação ampliará a oferta de sementes tão necessária à renovação do parque cafeeiro.
9. Elaboração de manual informativo de Boas Práticas Agrícola para Cafeicultores – Serão elaborados cartilhas e calendário focando as boas práticas agrícolas, bem ilustradas e com linguagem adaptada à realidade do cafeicultor.
10. Ampliar os pontos de recebimento e encaminhamento de amostras de solo e foliar para análise – Serão criados pontos de apoio nos municípios, visando o recebimento e o encaminhamento de amostras de solo e foliar para análise. Esses pontos deverão possuir profissionais capazes de orientar os agricultores quanto à importância da análise de solo e foliar e o uso racional de corretivos e fertilizantes, visando o aumento da produtividade.
11. Implantação de um Programa de Aquisição e Distribuição de Calcário – O objetivo é aumentar a eficiência da adubação das lavouras para ampliar as respostas das mesmas à produtividade e à produção.
12. Disponibilização de Equipamentos de infra-estrutura de beneficiamento e Secagem – Continuar e intensificar a aquisição e disponibilização de conjuntos de equipamentos de beneficiamento e pós-colheita de café às organizações de produtores, que atenderem aos critérios definidos pela Seag.
13. Ações de pesquisas para o café arábica – Será dada continuidade à pesquisa científica visando desenvolvimento de tecnologias, produtos, conhecimentos nas diferentes áreas: manejo de mato, de pragas e de doenças, melhoramento genético e biotecnologia, variedades, poda, nutrição, conservação de solo, irrigação, sombreamento, associação de café com árvore, colheita e processamento, qualidade.

Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação – Incaper
Lorena Fraga

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