segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Cachoeiro comemora centenário de Rubem Braga





As atividades serão realizadas na Casa dos Braga, onde o cronista viveu na infância

“Sempre tenho confiança de que não serei maltratado na porta do céu, e mesmo que São Pedro tenha ordem para não me deixar entrar, ele ficará indeciso quando eu lhe disser em voz baixa: Eu sou lá de Cachoeiro.” O autor dessas linhas é Rubem Braga, cachoeirense considerado um dos maiores cronistas da língua portuguesa, que completaria cem anos no próximo sábado (12). Nessa data, Cachoeiro de Itapemirim retomará as comemorações pelo centenário desse seu filho ilustre, iniciadas ano passado, com a realização da 4ª Bienal Rubem Braga.
Um café da manhã literário será realizado, às 8h, na Casa dos Braga, onde o cronista viveu na infância. Na ocasião, haverá um bate-papo com a jornalista Cláudia Sabadini, coautora do livro “O Jornalismo Literário de Rubem Braga na Guerra”, lançado em 2012, com apoio da Lei Rubem Braga de incentivo à cultura do município.
Fragmentos de textos do cronista serão pendurados no pé de fruta-pão eternizado nas crônicas que escreveu sobre sua infância em Cachoeiro. E, em alguns cômodos da casa centenária, o público poderá ouvir a voz de Rubem, gravada em entrevistas e leituras, bem como depoimentos de personalidades sobre o escritor e sua obra. 

As atividades continuam na segunda-feira (14), em reunião solene realizada também na Casa dos Braga, a partir das 19h30, com a participação do Conselho Municipal de Cultura, da Academia Cachoeirense de Letras e de autoridades. Na ocasião, serão anunciadas outras ações comemorativas a serem realizadas ao longo do ano.

A noite também será marcada pelo lançamento do edital 2013 da Lei Rubem Braga e pela entrega, para bibliotecas públicas, de livros produzidos com apoio da lei nos últimos anos. A cantora Duda Felippe fará uma apresentação no encerramento. Todas as atividades são abertas ao público.
“Estamos retomando as comemorações do centenário de Rubem com atividades dedicadas ao resgate da memória e da obra desse grande mestre das letras, que tanto fez por nossa cidade. Mais ações estão sendo preparadas e serão anunciadas em breve”, explica a secretária municipal de Cultura, Joana D'Arck Caetano.

Breve biografia

O escritor e jornalista Rubem Braga nasceu em Cachoeiro do Itapemirim (ES), em 12 de janeiro de 1913, filho de Raquel Coelho Braga e Francisco Carvalho Braga, proprietário do jornal "Correio do Sul", onde publicou seus primeiros escritos.
Ainda estudante, iniciou-se no jornalismo fazendo uma crônica diária no jornal "Diário da Tarde". Como repórter, trabalhou na cobertura da Revolução Constitucionalista de 1932 para os "Diários Associados".
Formado em direito, continuou com o jornalismo, escrevendo crônicas para "O Jornal". Em 1936, lançou seu primeiro livro de crônicas, "O Conde e o Passarinho". Em 1938, fundou, junto com Samuel Wainer e Azevedo Amaral, a revista "Diretrizes".
Braga publicou seu segundo livro, "O Morro do Isolamento", em 1944. Foi correspondente de guerra na Europa durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) pelo "Diário Carioca", tendo tomado parte da campanha da FEB (Força Expedicionária Brasileira) na Itália, em 1945.
No período de 1961 a 1963, Rubem Braga foi embaixador do Brasil no Marrocos, na África. Em 1960, publicou "Ai de Ti Copacabana". A este seguiram-se "A Traição das Elegantes" (1967), "Recado de Primavera" (1984) e "As Boas Coisas da Vida"(1988), entre outros tantos livros. Escreveu crônicas para os jornais "Folha da Tarde", "Folha da Manhã" e “Folha de S.Paulo”.
Rubem Braga morreu no Rio de Janeiro, em 19 de dezembro de 1990, deixando mais de 15 mil crônicas escritas em mais de 62 anos de jornalismo. A seu pedido, suas cinzas foram atiradas no Rio Itapemirim, que corta Cachoeiro, sua cidade natal.

*Com dados do Almanaque da Folha de S. Paulo.
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